Um
conhecimento que circula pelas ruas (10)
Quatro e Quarenta, Quarentena
e Quaresma
Texto publicado em 30/03/15 O Jornal de HOJE - Natal/RN
As religiões foram buscar
argumentos e elementos na mitologia, na filosofia e na poesia. Assim como também
na geografia e na geometria. No final as retas se encontram no infinito.
Ciência e religião são duas retas paralelas, que se encontram no infinito.
São quatro os elementos:
água, terra, fogo e ar, com visões orientais e ocidentais, visões religiosas e
visões filosofais. Quatro são as
estações do ano. Também são quatro as principais direções geográficas. E quatro
pontas tem uma cruz, tal como as diagonais de um quadrilátero, que tem quatro
lados e quatro ângulos.
Cada cruzamento entre duas
ruas lembra uma cruz, e mostram quatro direções. Ruas com postes que originalmente
lembram a forma de uma cruz, e podem possuir uma luminária ou uma lâmpada, o
símbolo das ideias e a solução para a escuridão. A partir da luz chegam as
ideias. Deus criou a luz e viu que ela era boa, e fez novas criações. Postes iluminados
levam energia elétrica e sinais telefônicos, a tecnologia necessária de
suporte, para a informação e o conhecimento. Há um conhecimento oculto em cada
duas retas que se cruzam. Da cruz surgiram o alicate, a tesoura e outras
ferramentas. Com mistério, por arquétipos ou por simples repetição, e falta de
imaginação, repetimos sempre o uso da cruz. Coordenadas e abscissas, latitudes
e longitudes, pares de retas que se cruzam em cruz, determinando pontos
gráficos e geográficos.
A igreja cultua e promove o
mistério e a simbologia da cruz. Há uma simbologia e um conhecimento por traz
do numero quatro, com suas proporções e suas variantes ortográficas, engenhosas
e arquitetônicas. Mastros em forma de cruz seguraram velas em caravelas,
descobriram novas terras e novos conhecimentos. Aviões que lembram uma cruz
cruzam os céus transportando conhecimento. Passageiros viajam levando um
conhecimento e retornam portando um novo conhecimento, a partir de novas visões
e novas interpretações, observadas e vivenciadas nos seus destinos, com
embarques e desembarques. Computadores tem informações embarcadas.
Moisés passou quarenta anos peregrinando
pelo deserto. Jesus passou quarenta dias vagando no deserto. Cada um deles
viveu o seu deserto. Um deserto físico e geográfico, e um deserto mental. Geografia
e psicologia, com a anatomia e a biologia do corpo humano. Desertos que trouxeram
visões e missões a cada um deles. Enquanto Jesus e Moisés fizeram sua
quarentena no deserto, Antonio Conselheiro fez a sua pelo sertão. E talvez Noé
em uma arca. Moisés conduziu um povo pelo deserto. Noé conduziu e protegeu a
família e os animais sobre a água. Conselheiro reformou igrejas e cemitérios
por onde passou no sertão. E Jesus fez as suas reflexões, tal como Moisés e
Antonio Conselheiro, também fizeram. Cada qual com as suas quarentenas e suas
geografias. E cada um deles adquiriu conhecimentos em seus caminhos. Depois de
seus desertos e sertões, imensidões de águas, voltaram e se fixaram;
acomodaram-se em um povoamento, para transferir seus conhecimentos e seus
discernimentos.
Navios com ocupantes
infectados são colocados em quarentena quando chegam a um porto. E quando provenientes
de regiões contaminadas, ficam afastado dos portos cumprindo uma quarentena.
Quando há uma suspeita de epidemia à bordo, uma suposição ou suspeita de que
seus ocupantes: seus imigrantes e tripulantes estejam contaminados, a
quarentena é uma estratégia de prevenção de uma nova contaminação. A quarentena
é o tempo suficiente para uma cura ou manifestação.
Nos tempo das mesinhas e dos
chás, com ervas e raízes, com purgantes e laxantes. Quarenta dias eram
indicados para uma convalescência de pós-parto ou pós-infecção. Um tempo
necessário para uma recuperação em um momento pós-traumático. Doentes e
convalescentes ainda passam por quarentenas, para vivenciar as emoções
proporcionadas por doenças e isolamentos. Símbolos físicos associados a
símbolos mentais. A doença é o caminho para a cura, depois de uma de uma
somatização de emoções e sentimentos.
O tempo da quaresma vai da
Quarta-feira de Cinzas até a Quinta-feira Santa. É formada pelos domingos da
quaresma, e o quarto domingo recebe o nome de Domingo da Alegria. O período de quaresma é repleto de símbolos
pelas ruas e pelas casas, em supermercados e igrejas. Quarenta dias cheios de
símbolos e conhecimentos. As ruas, os mercados e a lojas se enchem de símbolos
que se identificam e transmitem um conhecimento. A páscoa marca um ritual de
passagem para novos acontecimentos e conhecimentos.
O domingo que antecede a
Páscoa é o Domingo de Ramos, relembrando o dia em que Jesus entrou festivamente
em Jerusalém, pouco antes de sua morte, quando ia comemorar a páscoa, com seus
discípulos. E nos dias de hoje, nos Domingos de Ramos, é possível ver pelas
ruas, pessoas saindo da igreja com ramos de galhos na mão, depois da missa
dominical. Ao entrar na cidade Jesus foi aclamado pela população, que acenava
agitando ramos de oliveiras e palmeiras.
Na festividade denominada
Panatenéias (Mitologia), em honra de Minerva (a deusa do conhecimento e
sabedoria), os velhos traziam na mão ramos de oliveira, em procissão solene,
com a participação de pessoas de outras idades.
A pomba é considerada como símbolos
de paz, harmonia, fraternidade, amor e amizade, esta representada pela colomba
pascal em forma de alimento sobre a mesa. A pomba serviu como um canal de
informação e conhecimento para Noé. Os ovos de páscoa, com seu modelo mais
comum, feito de chocolate e recheado de balas e bombons, representam o símbolo
da vida nova, o que esta prestes a nascer.
O vinho simboliza o sangue
de Cristo, enquanto o pão representa o seu corpo. Os vinhos provem das uvas que
podem ser pisadas, para extrair seu sumo, um caminhar sobre as uvas. As uvas
unidas em seus cachos perfeitos lembram a forma de um coração. E as uvas
separadamente, brancas ou vermelhas, lembram os glóbulos brancos e vermelhos
que circulam no sangue. O pão que é consumido diariamente é um símbolo
constante na igreja. Símbolos que proporcionam um conhecimento. O conhecimento
está circulando pelas ruas, em terras de Santa Cruz, Nova Cruz e Vera Cruz, a
verdadeira cruz.
Roberto
Cardoso
Natal/RN – 29/03/15