segunda-feira, 22 de junho de 2015

O velho truque da dominação simbólica


O velho truque da dominação simbólica

 

PDF 409

 
 
A dominação como uma probabilidade de conseguir um respeito, uma obediência, por um tempo ou por um mandato, fundamenta-se por uma condição de submissão. E depende de interesses pessoais e particulares, entre dominados e dominadores, um comum acordo entre as partes. Também podendo acontecer por hábitos repetitivos, atos cegos, históricos e arquétipos. O costume e o habito de obedecer.

A dominação como resultado de uma violência simbólica invisível às próprias vítimas, violências simples e suaves. Atos exercidos pelas vias da informação, da comunicação, e do conhecimento (Bourdieu). Dominação entre classes de habitus diferentes, hexis corporais de opostos e complementares (idem). Tempos breves, perigosos e espetaculares, a lavoura e a colheita; a criação e a degustação, a construção e o aproveitamento, os legados e os grandes eventos.

Crescemos lendo histórias em quadrinhos (HQ), do Walt Disney. Com personagens de pés descalços. Lendo pensamentos e falas em balões, de animais que pensavam e falavam, agiam e informavam. Frases e palavras dos animais classificados como irracionais. E muitos deles eram patos. Com os sobrinhos do Pato Donald acreditamos que poderíamos ser escoteiros, com soluções infalíveis, e para isto era só consultar o manual do escoteiro mirim, que teria resposta e solução para tudo. Com o professor pardal poderíamos ser inventivos e criativos. Com o Zé Carioca, um papagaio, uma ave tropical, o jeito malandro do carioca e do brasileiro. E patetas como o Pateta. Ter professores como o Professor Ludovico (que lembra Câmara Cascudo). Sobrinhos sem pais e sem mães. Os sobrinhos sempre eram os maiorais, os estudiosos e os mais espertos perante os tios adultos. Um incentivo e modelo para crianças. A utopia inalcançável, seria ser tal como o Tio Patinhas.

E por fim descobrimos e que havia uma simbologia oculta, dirigida ao inconsciente, onde o Tio Patinhas representava os EUA, e o Tio Patacônico representava a URSS. Tantos os dois países, quanto os dois tios travavam uma guerra fria, sem ataques e sem agressões físicas, apenas insultos e disputas, para chegar ou alcançar um lugar, ou uma posição, uma condição. E os sobrinhos representavam os países subdesenvolvidos, dependentes dos tios ricos e sovinas. Haja visto que os patos só usavam camisas, e de marujos. Filhos de tios, sem pais e sem mães. Mas existia uma avó, a vovó Donalda e algumas bruxas: Madame Mim e Pata Patológica. E todos os personagens das histórias em quadrinhos estavam submissos aos dois patos arquimilionários, moradores, controladores e detentores da cidade de Patópolis. O mais destacado era o Tio Patinhas, sempre ameaçado pelos Irmãos Metralhas, que articulavam planos para entrar na caixa forte, onde era guardada a fortuna do Tio Patinhas.

E o sonho de jovens mais abastados, era conhecer ao vivo a Disneylândia, a cidade de Disney, a cidade imaginária, oculta e revelada, nas páginas das HQ. A possibilidade de viajar para o exterior, conhecer um pais. Fazer intercâmbios culturais e idiomáticos. Conhecer cenários vistos nas telas de cinema, com personagens e aventuras. O norteamento de ideias e culturas.

A construção de pensamentos e comportamentos desde a infância, um norteamento tal como o “oriente-se”, igual a olhe para o oriente. E para isto foi utilizada a mídia. Com histórias e personagens, criando ideias e expectativas. O terceiro mundo, os países denominados e classificados de subdesenvolvidos, sempre como patos para o primeiro mundo, os autodenominados como países desenvolvidos. Visões e interpretações a partir da leitura do livro dos chilenos: Ariel Dorfman y Armand Mattelart (Para leer al Pato Donald).

E com os três irmãos patinhos, criados sem pai e sem mãe, criados pelo tio pobre e marinheiro, explorados pelo tio rico. Podemos observar uma grande coincidência com presidentes na América do Sul. Os irmãos Huguinho, Zezinho e Luizinho, cresceram e tonaram-se presidentes: Chávez, Mojica e Lula.

Indígenas e africanos foram escravizados, estabeleceram-se e se criaram na América Latina. Nações de povos antigos foram dizimadas, em nome da busca de minerais. Um conjunto de submissões, físicas e ideológicas, praticadas por aqueles que habitavam a parte de cima do globo terrestre. O velho truque da supremacia, o bem e o bom, disputando com o mal e o mau. O Lobo Mau e os Três porquinhos.

Nos filmes de guerra o vencedor sempre é o americano. Modelos foram criados a partir de filmes: a mulher dona de casa no período pós-guerra; o Papai que sabia tudo; viagens ao céu e ao infinito; viagens no tempo e no espaço; viagens ao fundo do mar; invasões de extraterrestres e outros. Um mundo de aventuras e de desejos; de informação e de conhecimento.

Guerra, sombra e água fresca. Para os amigos tudo, e para os inimigos a lei. O homem civilizado sobre o homem incivilizado. O aculturado sobre o sem cultura. O animal racional sobre o animal irracional. A luta do Controle sobre a Kaos, o Agente 86 e a Agente 99, controlados e obedecendo o Chef, the Boss.

A longo da formação histórica do Brasil, diversos fatos aconteceram para determinar uma estratégia de dominação. Submissão e domínio, pelo chicote, pela economia, e pela ciência. A começar pela subestimação dos povos, provocando uma diferença de status, e a capacidade no contexto social. Índios e negros foram inferiorizados perante a corte, e diante da ciência. Escravizados fortaleciam o capitalismo, mão de obra para novas mercadorias.

O conceito de evolução de Darwin, definiu a evolução dos animais e dos homens. Com pirâmides desenhadas, os psicólogos, os sociólogos, e os economistas, dividiram os espaços sociais ocupados. Povos desenvolvidos, subdesenvolvidos, e em desenvolvimento. Classes A, B, e C, e classes na periferia. Também temos a notícia histórica que degredados, bandidos e outros fora da lei, os à margem da sociedade, foram enviados de Portugal para o Brasil, para ocupar as novas terras descobertas. O capitalismo implantado com o respaldo da ciência. Uma terra formada por povos e pessoas de baixas classes sociais e intelectuais. A mata tropical como uma ameaça, a ser desbravada, na busca de pedras preciosas, ouro e prata.

Um Novo Mundo diante de um Velho Mundo, a condição de respeito entre os mais jovens e os mais velhos. O hemisfério Norte acima do hemisfério Sul, a condição de superioridade, dando norteamento de ideias, conceitos e valores. Mapas com proporções e posições distorcidas. O descobrimento por descobridores. A colonização exercida por colonizadores. A conversão ao catolicismo como instrumento de dominadores sobre os pecadores. A escrita como domínio do discurso verbal, perpetuando falas e ideias, fortalecida pela imprensa de Gutemberg, após 1500. A pólvora como superioridade do arco e da flecha. Fotos e imagens em telas, como perpetuação de atos e momentos, à luz do artista.

Na história, o continente americano, batizado em nome de Américo Vespúcio, foi descoberto por marinheiros espanhóis e portugueses, embarcados em frotas, comandados por capitães, a autoridade máxima, dos navios e das missões, na terra e no mar. Cabral descobriu o Brasil, ou foi encontrado perdido, à deriva, pelos índios presentes e nativos. Como os índios não tinham um sistema de escrita, ficou valendo o dito e escrito, o que Pero Vaz de Caminha, escreveu, descreveu e criou, contou ou inventou, não há contra-argumento. Mas há indícios que outros povos desembarcaram antes de Cabral em outras praias. Prevaleceu os documentos emitidos por sua esquadra. Depois de descoberto, o Brasil tornou-se colônia de Portugal. Sofreu invasões de holandeses e franceses. A presença maciça da Europa, uma europeização da Terra Brasilis. O refúgio da Família Real.

O Brasil sempre inferiorizado, precisou da chegada de imigrantes para criar uma agricultura, mesmo que de subsistência. A chegada de imigrantes também tinha o objetivo de criar um branqueamento da população, depois da abolição. O Brasil foi incentivado a produzir alimentos para o mundo, como uma grande criação de futuro e desenvolvimento. Viveu e vive da missão dada e interiorizada, o arquétipo: de que aqui tudo que se planta dá; “Brasil o celeiro do mundo”; “Trampolim da Vitória”. Na bandeira brasileira há apenas uma estrela acima da linha do Equador. Segundo consta seria a estrela que representa o estado do Pará, mas pode ser a Estrela do Norte, símbolo de orientação marítima no hemisfério Norte.

O Brasil precisou que outros explorassem e transformassem os recursos minerais. Precisou de quem criasse uma tecnologia. Precisou de CT&I: Ciência, tecnologia e inovação, informação; precisa de gestão e de qualidade. Criam-se problemas para vender soluções. Agora chega a reinvenção do turismo. O mesmo turismo, que outros povos já fizeram em outras épocas. Chegar, desembarcar e desfrutar. Mas agora é necessário se qualificar para bem receber, e uns trocados ganhar.

Hoje o pais vive dependente de multinacionais ligadas ao segmento de farmacologia. Multinacionais que produzem fertilizantes e sementes, complementadas pelas maquinas e implementos agrícolas. Maquinas agrícolas conectadas com satélites controlando seus movimentos, suas paralizações, suas semeaduras e suas colheitas. O mercado internacional já tem conhecimento de produções, safras e estoques, meteorologia e climatologia, podendo influenciar preços e cotações nos mercados de mercadorias, e mercados futuros. Bolsas de valores e bolsas de alimentos e mantimentos internacionais. Controlam a meteorologia, e tentam opinar na geografia e na geologia.

Após a Primeira Guerra, o país serviu de pista de pouso para os franceses que criaram a primeira linha aérea postal, passando pela África e atravessando o Atlântico com escala em Natal/RN. Foram até Montevideo, e cruzaram os Andes para chegar no Chile. E novamente a Europa, primeiro chegam na África, para depois desembarcar no Brasil. Europeus primeiro passam pela África para depois correr o mundo. Natal como ponto de apoio e reabastecimento para outras jornadas. Enquanto não existia o canal do Panamá, Natal/RN foi ponto de apoio para navios, que atracavam em busca de água, e talvez alguns mantimentos, para depois contornar o continente. Acredita-se hoje que aviões possam pousar em Natal, para abastecer, com a redução no preço do QAV.

A Europa sempre precisou do Brasil e da África, como ponto de apoio e exploração de recursos minerais e vegetais, inclusive mão de obra. A partir da África e do Brasil, os franceses dão a volta ao mundo. Alguns franceses passaram pela África. Pierre Bourdieu (sociologia), e Pierre Latecoere (correio postal), são exemplos (Dois Pierres - 2ПRs), que deram a volta no mundo. Pierre Teilhard de Chardin, foi outro exemplo, na teologia, passou pelo Egito. Americanos e ingleses também criaram seus conceitos e preceitos, seus limites e suas conquistas, suas estratégias. Um de frente para o outro. Determinaram e criaram uma linha entre os dois países, de conhecimento e de força. Nylon (Ny + Lon. New York e London). Onde há uma grande frequência aérea e marítima.

Segundas novas avaliações de especialistas internacionais, é chegada a vez de os chineses dominarem o mundo: por conhecimento, por produção, por consumo, ou por população. Um dia descobriram a pólvora, o que facilitou novas ocupações e explorações. Já pescam e exportam o que pescam na costa do Brasil. Desejam uma estrada de ferro cortando a América do Sul, do Atlântico ao Pacifico.

Antes da Segunda Guerra aconteceu um encontro entre presidentes, dos EUA e do Brasil, realizado em Natal/RN, onde assinaram um acordo de cooperação entre Brasil e EUA. E Natal ganhou o título de Trampolim da Vitória. A vitória que o primeiro mundo queria sobre a Alemanha e seus aliados.

E agora o grande tema de discussão em Natal/RN é a ampliação do porto marítimo para facilitar ações de um HUB, em um aeroporto que não está totalmente pronto. O ministro do turismo chega com a ideia da salvação. Coincidentemente o ministro é potiguar, fala a língua dos nativos, conhece o terreno. O velho truque de cativar um filho da terra, para mostrar o caminho. Assim fizeram os europeus, cativaram os índios para mostrar os caminhos e as riquezas.

A ideia inovadora e mirabolante que o turismo é a taboa de salvação do pais. A oportunidade de tirar um povo da miséria, a miséria construída. Acabar com miséria produzida ao longo da história desde os idos de 1500, quando o Brasil estava perdido, sem conhecimento e sem religião. Perdido no meio de um oceano entre Portugal e as índias. Como não chegaram as índias, denominaram de índios os que aqui estavam em harmonia com a natureza. Desembarcaram e usaram velhos truques para enganar os nativos, com cacos de espelhos, e galinhas. Com suas vestes coloridas e pomposas, com pólvora e gestos.

O ministro do turismo traz ideias mirabolantes para resolver o problema de Natal, como investimento turístico desmatando e assoreando áreas que até o momento estão preservadas. O cartel politípico, aposta todas as fichas no turismo. Políticos internacionalizados, que participam de eventos voltados a disponibilização do Brasil aos que sempre inventaram e criaram ideias solucionadoras, depois de inventarem os problemas. As reuniões: XVII Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos – 2014 em Brasília/DF e XIX Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais – “Mudanças Globais e os Novos Rumos” – 2015 em Vitória/ES – O maior evento parlamentar da América Latina.

Como diria um detetive de uma série televisiva: o velho truque da dominação, e da criação de confusão para confundir ideias e pensamentos. Criar uma desestabilização, uma disputa para dividir forças e pensamentos; ideias e desenvolvimento. Uma disputa entre estados foi criada para sediar o HUB da LATAM. Um povo dividido tem uma menor força de pensamento e negociação. Fica atento aos seus problemas, e tenta driblar seus concorrentes, não enxerga tudo como um todo. O HUB como facilidade à LATAM, vendendo serviços a outras empresas aéreas, trocando taxas e serviços.

Minerais já foram explorados e retirados provocando desertificação e assoreamento; grãos são plantados provocando desmatamento. Grãos que alimentam animais produzidos para exportação. Quantidades de água enormes são agregadas às produções agrícolas e animais, sem fazer parte de uma composição final de preços. Satélites e pesquisadores a todo instante, a todo momento. Enxergam do alto o que não é possível enxergar no solo, ou no subsolo. O que se tem agora para explorar neste novo segmento?

Segundo o título de um livro (Primeiro como tragédia, depois como farsa), de Slavoj Zizek, filosofo e psicanalista marxista. As ideias e investimentos primeiro se apresentam como tragédia, depois de se apresentam como farsa. Estamos sempre ouvindo as tragédias por acontecer, e convocados a colaborar para não acontecer, ou pelo menos não antecipar seus acontecimentos. Mas depois entendemos que era uma farsa. Havia algo oculto que não foi declarado.

Com o aquecimento global foi declarado que era preciso reduzir as emissões de monóxido de carbono. E as indústrias automobilísticas nunca venderam tanto automóveis a partir deste momento. No trecho entre Natal/RN e Parnamirim/RN, na BR 101, há pátios repletos de automóveis novos e usados, esperando o momento de entrar em circulação. Ainda que não exista mais espaços nas ruas. Por diversas vezes a população foi motivada e convocada para economizar energia elétrica. Com a economia de energia, e com o baixo faturamento das empresas de energia elétrica, aumentou-se as tarifas.

No momento a população é convocada a economizar água. E o agronegócio é sempre incentivado. O Exército está fazendo o que as empreiteiras não fizeram na transposição do Rio São Francisco. Com a construção do canal, e pouco volume de água, vai ser necessário escolher o caminho das aguas. Não há tratamento de esgoto por onde o canal passar. Agua colhida, resulta em água usada. O que é ruim agora pode ficar pior depois.

Zizek utiliza-se constantemente das mensagens transmitidas pela indústria cultural e midiática (guias de Filosofia - Karl Marx. Ed. Escala). Descreve o mundo oco da sociedade pós-política, a degradação da realidade pela virtualização, o analógico pela digitabilidade, do espaço social e cultural, a criação de uma sociedade artificial (idem).

Os textos denominados com artigos científicos circulam em revistas científicas e especializadas, restritas a uma comunidade. Uma discriminação de formatação é determinada, critérios de digitação e formatação do texto como: tipo e tamanho de fonte, espaços entre linhas e parágrafos. Corpo do texto, com critérios normatizados e utilizados. Modelos e regras de textos, resumos e bibliografias. Tudo é criado para uma redução de autores e quantidade textos concorrentes. Reduz-se o número de autores e leitores, para que o conhecimento esteja restringido a um grupo selecionado. Um grupo seleto é convocado para fazer escolhas de textos que possam ser autorizados a participar de um grupo restrito.

A COPA e o PAC prometeram fazer tudo, e deixaram tudo por terminar. Prometeram acessibilidades e facilidades. Agora criam novas expectativas, criam uma disputa entre quem não tem muito o que oferecer. Criaram um BUG interno, uma disputa entre tres estados para sediar um HUG da TAM ou da LATAM umsa mistura economica e logistica de Lan Chile e TAM.  Uma antiga estrategia de dividir, para desestabilizar, não enxergar. Cortinas de fumaça são lançadas, diante os problemas. O velho truque de prometer e classificar como: índio, não civilisado, dependente, como incompetente, em desenvolvimento e subdesenvolvido. O velho truque  continua.

 Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 22 de junho de 2015

 Roberto Cardoso (Maracajá)
ü  IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
ü  INRGN – Instituto Norte-rio-grandense de Genealogia    
ü  PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática – 2013.
ü  PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática – 2014.
ü  Escritor; Ensaísta; Articulista
ü  Jornalista Científico (FAPERN-UFRN-CNPq).
ü  Desenvolvedor de Komunikologia.

 

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sábado, 6 de junho de 2015

Saúde


Saúde

 


Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), saúde é uma condição ampla de bem-estar, do indivíduo. Não só do ponto de vista patológico e fisiológico, mas do psicológico e do sociológico também. A construção do homem pela antropologia, os pontos de vistas por cada época, em cada momento histórico. Cada vez mais afasta-se da visão heurística para se aproximar de uma visão holística, onde o ser faz parte do meio em que vive. Agindo e interagindo com o meio e com aqueles que fazem parte do seu meio. Inúmeros sinais e sintomas, interpretados e descritos pelos pacientes, com o olhar do médico e da medicina, adjetivados sistematicamente de doentes, já são entendidos e compreendidos pela equipe médica, como resultados das condições de vida e de trabalho do paciente, sugerindo um MDH (mudança de hábitos).  Em momentos já foi dito que não existem doenças, mas sim doentes, uma visão de que indivíduos diferentes, reagem diferentes as mesmas condições vividas e impostas, perante as alimentações, ambientações, infecções ou outras ações. Uma visão psicossomática, o acumulo de emoções que geram patologias, expostas, implícitas e explicitas no corpo. O corpo como uma descrição, simbólica e holográfica, do interior do ser. A doença como um caminho para a cura.

Portanto, saúde não é um uma expressão matemática onde se possam somar parcelas ou etapas de monômios a polinômios, ou seja: momentos de queixas particulares e individuais, com um processo de anamnese. Com investigação de sinais e sintomas, adicionando perguntas e sugestões médicas, diminuindo ritmos de vida e restrições de alimentação; somando um receituário e uma posologia, multiplicação das doses medicamentosas e divisão das porções alimentares. Para então chegar a um resultado terapêutico que satisfaça e anule as queixas do paciente. E o conceito de paciente, deve extrapolar a condição de ser paciente, do cidadão aos cuidados dos médicos. Indo e voltando a uma série de exames e consultas, impossibilitadas de acontecer pelo processo burocrático e lento dos sistemas públicos de saúde. O projeto do SUS funciona muito bem descrito e formatado nos papeis e nos conceitos estáticos. Um fluxo de PERT/CPM e O&M, com resultados parciais de sim e não, para chegar a um resultado satisfatório.

Saúde está contextualizada com o ambiente em que se vive. E a medida que uma população é atendida em um serviço público de saúde, ela gera um conhecimento para a equipe medica que atende. Com dados fornecidos e coletados, com seus históricos familiares e pessoais, com suas queixas resolvidas e mal resolvidas. Com exames e medicação que deram resultados. Com a não violência institucional, as violências exercidas pelos serviços públicos por ação ou por omissão.

O termômetro social diante do médico. E se as patologias são vistas pela medicina como resultados do meio, é no meio que deve surgir e vir as soluções. A respostas para as soluções das condições de saúde, não estão restritas a apenas a um ministério federal, ou uma secretaria, estadual ou municipal. Deve ser uma ação conjunta dos órgãos administrativos e de departamentalizações, criados no serviço público, dividindo culpas e responsabilidades. A departamentalização tem se comportado como um câncer, onde as células e os departamentos se multiplicam desordenadamente, sem respeitar o código de DNA de uma cidade. A cidade é um ser vivo composta de células, formadas por seres humanos vivos e individualizados. Onde cada um tem a sua necessidade de alimentar seus sistemas mitocondriais para produzir energia, que movimentam as cidades. E a cidade como um ser vivo reflete no ser. E este ser influencia e modifica a cidade. Cria veias e artérias para a circulação, sujeitas a tromboses e artroses, provocadas pelos veículos individuais.

Saúde ultrapassa do posicionamento, de sentado em frente a um médico, e das paredes de um consultório, com biombos, esfigmomanômetros e estetoscópios. Ao som de um 33 torácico, com direito a martelinho nas articulações inferiores. Ultrapassa os muros do estabelecimento de saúde. Saúde começa dentro de casa com saneamento básico e drenagens pluviais das ruas, das cidades. E abastecimento de água potável, tratada e bem acondicionada, com tubulações limpas e controladas, sistematicamente fiscalizadas. Saúde está nas ruas e calçadas, com facilidades e acessibilidades, com a facilidade e comodidade, na necessidade de buscar um atendimento emergencial. De ir participar de uma campanha de vacinação ou ir a uma consulta marcada. Saúde pública começa no portão residencial, com rampas e calçadas que se possam transitar, independentes das facilidades ou dificuldades de locomoção particulares e individuais. Independente de deficiências visuais, ou outras condições deficientes ou ausentes, que se possam classificar e reconhecer, na anatomia ou fisiologia do indivíduo.

Enquanto seres vivos, vivemos diariamente vinte e quatro horas. Dormindo ou acordado, os serviços públicos com médicos e paramédicos, equipes administrativas e multidisciplinares, devem estar prontos, abertos e de prontidão, por 24h; um serviço oferecido para cidadãos comuns, tal como são oferecidos para os cidadãos incomuns. Direito e saúde são temas discutidos e a serem discutidos nas pré-conferencias e conferencias de saúde, para culminar em uma conferência nacional com a participação da sociedade, discutindo e participando. Exigindo e cobrando! Que venha uma conferência nacional de saúde em busca das curas das pessoas e das cidades.

 “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas – direito do povo brasileiro”, assim falou a presidenta.

 

Roberto Cardoso (Maracajá)

Reiki Master & Karuna Reiki Master

 

RN, 06/06/15

PDF 400

 

Texto disponível originalmente em:
http://www.publikador.com/sociologia/maracaja/2015/06/saude/

Texto também disponível em:
http://valedojerimum.blogspot.com.br/2015/06/saude.html


 

Textos relacionados:

- O susto da fraude
http://www.publikador.com/saude/maracaja/2015/02/o-susto-da-fraude/

- Os sustos do SUS
http://www.publikador.com/saude/maracaja/2015/01/os-sustos-do-sus/

- Reenfermagem
http://www.publikador.com/saude/maracaja/2014/10/reenfermagem/


 

 

 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

CUSTO BRASIL


CUSTO BRASIL

 

A grande preocupação do mundo, e dos empreendedores nacionais, à espera de capital e investimentos, vindo de países estrangeiros, é o risco Brasil. Um cálculo com variáveis aleatórias e escolhidas, que demonstra o quanto pode ser arriscado ou não, investir no Brasil. Um cálculo que deve calcular à pequeno, médio, e longo prazo, os valores investidos. E quais os valores podem ser ganhos e recuperados, com dólares investidos, e além do capital de investimento inicial. Um cálculo feito por analistas estrangeiros, em países estrangeiros, e para investidores estrangeiros. Um cálculo internacionalizado, dolarizado, maleável e manipulável, de acordo com o momento político, econômico ou histórico, e de riquezas encontradas. Mas quanto custa o Brasil? Esta é uma pergunta que se deve fazer.

Quanto custa manter os políticos? Aqueles que fazem política em causa própria. Quanto custa manter vereadores? Quanto custa manter deputados estaduais e deputados federais? Quanto custa manter senadores? Quanto custa manter um presidente e um vice-presidente? Quanto custa, quem sabe, manter ex-presidentes? Quanto custa manter palácios no planalto e casas fechadas nos estados? Quanto custa manter ministros e seus representantes? Quanto custa manter um ministério? Quanto custa manter um gabinete de vereadores e de deputados? Quanto custa manter governadores e prefeitos, e seus secretariados com chefes de gabinetes? Quanto custam suas campanhas? Sempre com interrogativas, e com prerrogativas. Sempre maleáveis e manipuláveis. O quanto custam seus carros pretos, climatizados e isolados, do mundo por onde circula? Carros com passagem livre, no transito, para não serem incomodados por aqueles que trabalham, para os sustentar. Quanto custa manter aviões e helicópteros, pilotos e mecânicos; equipes de voo e de terra em prontidão, aos seus dispores, e belos sabores? Quanto custa manter a corte, com seus súditos políticos e serviçais?

Quanto custa o processo seletivo, denominado de eleições, para escolher e selecionar esses representantes? Quanto custam os tribunais eleitorais em recessos eleitorais? Representantes para administrar cidades, estados, e uma nação. Um processo de recrutamento e seleção, capitaneado pelo povo, para recrutar e selecionar, não treinar e não capacitar. Não coordenar e não supervisionar. Não reprovar e não demitir. Um processo seletivo para contratação de pessoas que se espera que trabalhem, que tragam resultados, bons resultados, e ótimos resultados. Devem cumprir aquilo que lhes foi delegado. Quanto custa tudo aquilo que gastam sem demonstrar, sem estardalhar? O que acontece em seus gabinetes fechados? Onde só tem acesso um servidor engravatado com impecável indumentária, com um aparato de bandeja, com água e café, a um simples toque, ou chamado do secretariado protocolar. Quanto custam seus bancos e suas bancadas?

Quanto custam suas ações e suas omissões?  Excelentíssimos e ilustríssimos senhores, devem proporcionar excelentíssimos e ilustríssimos resultados. Um trabalho que o povo acompanha os resultados de seus trabalhos nas ruas, nos conceitos vivenciados de urbanização e cidadania. Saúde, saneamento, alimentação, transportes e outros itens.

Qual o resultado destes trabalhadores, vereadores, governadores e senadores, escolhidos pelo povo. Qual a sua produtividade? Quem controla seus cartões de ponto? O quanto é descontado em seus salários quando faltam, e não trazem um atestado médico? Que lucro trazem para a empresa Brasil? Quanto ganham de vale transporte e vale alimentação? Seus ganhos são compatíveis com os resultados produzidos? “Quem são eles? Como vivem? O que fazem? Onde vivem? De onde vieram e para onde vão”, diria a chamada de um programa de televisão. Quanto custam suas demissões? Quanto custam depois de seus mandatos terminados? Quanto custam seus funerais?

Quanto custa manter servidores públicos? Quem calcula suas produtividades? Quem organiza um RH ou um PDCA, com treinamento, especialização, e aperfeiçoamento, dando retornos e justificativas ao acionista majoritário, o contratante, o povo. Servidores públicos trabalham para o governo, para que se gaste menos e arrecade-se mais. Maior quantidade de dinheiro, maiores riscos de desvios e perdas, nos processos burocráticos. Relações de conivência. Inspetores e fiscais públicos, ou governamentais, devem investigar o povo, e sua própria casa, caso contrário, tornam-se coniventes com o que acontece nos bastidores.

Quanto custa manter forças armadas? Preparadas para a guerra, vivem uma paz. Forças armadas, comendo e dormindo em quarteis, por vários dias, meses, e anos, com direito a uma remuneração denominada como soldo. Ficam em posição de sentido, como um cadastro de reserva, uma mão de obra para uma possível guerra. E o mundo, e os países com seus governantes, provocam instabilidades econômicas e financeiras, para viver sempre em um clima de uma possível guerra. Justificam assim seus soldados e seus armamentos. Soldados que ganham soldos em troca de suas vidas e suas almas, caso sua mãe pátria e seu pai, o pais, precisem de suas tarefas em campos de batalhas.

Quanto custa treinar e formar? Soldados e cabos; taifeiros diversos; terceiros sargentos, segundos sargentos e primeiros sargentos; subtenentes e suboficiais; primeiros tenentes e segundos tenentes; capitão e major; quanto custa formar e manter: brigadeiros, coronéis e almirantes? Quanto custa manter militares na ativa? Quanto custa manter militares na reserva, inclusive as remuneradas? Quanto custa manter militares aposentados e reformados? O que oferecem ao povo em tempos de paz, que justifiquem seus soldos? Quanto custa manter clinicas, ambulatórios e hospitais, espalhados pelo Brasil, para atender militares e seus dependentes? Quanto custa manter suas áreas de lazer? Suas vilas de cabos e soldados, suas vilas de sargentos, e suas vilas de oficiais. Seus hotéis de transito. Escolas preparatórias para a ativa e para a reserva. Quanto custam os quarteis em tempo de paz? O quanto se gasta de pólvora em tempos de paz? Quanto já foi gasto em: combustível e munição, armamento e fardamento desde 1945, aos dias de hoje? E o quanto se gasta em missões de paz em outros países a mando da ONU e outros tratados?

O quanto foi gasto em burocratização e promessas de desburocratização? O quanto foi gasto com papeis e tintas, em processo que seus destinos eram os arquivos, para nunca mais sair de lá? O quanto foi gasto com critérios e rotinas que aumentam os prazos e os custos? Aumentam o processo de agir e aprovar.

O quanto foram gastos em produtos descartáveis, produtos de higiene e limpeza, com os servidores que foram para a repartição, passar o dia, conversar e ficar tomando agua e café? Utilizar telefone e acesso à internet, economizando seus custos domésticos. Anselmo de Cantuária (sec. XI), tinha sua fama mais pela pratica do que pelo talento. “Muito fumo e pouca luz”. Exprimem-se admiravelmente, mas são jarros vazios de conteúdo.

O quanto foi gasto com o que não era necessário gastar? Os valores gastos no custo Brasil, representam um custo compatível aos resultados esperados? O povo escolhe seus trabalhadores, seus administradores, portanto tem direito de ver resultados, ou trocar todo o seu staff.

 

05/06/15

 

PDF 399

 

 

Custo Brasil

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