segunda-feira, 22 de junho de 2015

O velho truque da dominação simbólica


O velho truque da dominação simbólica

 

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A dominação como uma probabilidade de conseguir um respeito, uma obediência, por um tempo ou por um mandato, fundamenta-se por uma condição de submissão. E depende de interesses pessoais e particulares, entre dominados e dominadores, um comum acordo entre as partes. Também podendo acontecer por hábitos repetitivos, atos cegos, históricos e arquétipos. O costume e o habito de obedecer.

A dominação como resultado de uma violência simbólica invisível às próprias vítimas, violências simples e suaves. Atos exercidos pelas vias da informação, da comunicação, e do conhecimento (Bourdieu). Dominação entre classes de habitus diferentes, hexis corporais de opostos e complementares (idem). Tempos breves, perigosos e espetaculares, a lavoura e a colheita; a criação e a degustação, a construção e o aproveitamento, os legados e os grandes eventos.

Crescemos lendo histórias em quadrinhos (HQ), do Walt Disney. Com personagens de pés descalços. Lendo pensamentos e falas em balões, de animais que pensavam e falavam, agiam e informavam. Frases e palavras dos animais classificados como irracionais. E muitos deles eram patos. Com os sobrinhos do Pato Donald acreditamos que poderíamos ser escoteiros, com soluções infalíveis, e para isto era só consultar o manual do escoteiro mirim, que teria resposta e solução para tudo. Com o professor pardal poderíamos ser inventivos e criativos. Com o Zé Carioca, um papagaio, uma ave tropical, o jeito malandro do carioca e do brasileiro. E patetas como o Pateta. Ter professores como o Professor Ludovico (que lembra Câmara Cascudo). Sobrinhos sem pais e sem mães. Os sobrinhos sempre eram os maiorais, os estudiosos e os mais espertos perante os tios adultos. Um incentivo e modelo para crianças. A utopia inalcançável, seria ser tal como o Tio Patinhas.

E por fim descobrimos e que havia uma simbologia oculta, dirigida ao inconsciente, onde o Tio Patinhas representava os EUA, e o Tio Patacônico representava a URSS. Tantos os dois países, quanto os dois tios travavam uma guerra fria, sem ataques e sem agressões físicas, apenas insultos e disputas, para chegar ou alcançar um lugar, ou uma posição, uma condição. E os sobrinhos representavam os países subdesenvolvidos, dependentes dos tios ricos e sovinas. Haja visto que os patos só usavam camisas, e de marujos. Filhos de tios, sem pais e sem mães. Mas existia uma avó, a vovó Donalda e algumas bruxas: Madame Mim e Pata Patológica. E todos os personagens das histórias em quadrinhos estavam submissos aos dois patos arquimilionários, moradores, controladores e detentores da cidade de Patópolis. O mais destacado era o Tio Patinhas, sempre ameaçado pelos Irmãos Metralhas, que articulavam planos para entrar na caixa forte, onde era guardada a fortuna do Tio Patinhas.

E o sonho de jovens mais abastados, era conhecer ao vivo a Disneylândia, a cidade de Disney, a cidade imaginária, oculta e revelada, nas páginas das HQ. A possibilidade de viajar para o exterior, conhecer um pais. Fazer intercâmbios culturais e idiomáticos. Conhecer cenários vistos nas telas de cinema, com personagens e aventuras. O norteamento de ideias e culturas.

A construção de pensamentos e comportamentos desde a infância, um norteamento tal como o “oriente-se”, igual a olhe para o oriente. E para isto foi utilizada a mídia. Com histórias e personagens, criando ideias e expectativas. O terceiro mundo, os países denominados e classificados de subdesenvolvidos, sempre como patos para o primeiro mundo, os autodenominados como países desenvolvidos. Visões e interpretações a partir da leitura do livro dos chilenos: Ariel Dorfman y Armand Mattelart (Para leer al Pato Donald).

E com os três irmãos patinhos, criados sem pai e sem mãe, criados pelo tio pobre e marinheiro, explorados pelo tio rico. Podemos observar uma grande coincidência com presidentes na América do Sul. Os irmãos Huguinho, Zezinho e Luizinho, cresceram e tonaram-se presidentes: Chávez, Mojica e Lula.

Indígenas e africanos foram escravizados, estabeleceram-se e se criaram na América Latina. Nações de povos antigos foram dizimadas, em nome da busca de minerais. Um conjunto de submissões, físicas e ideológicas, praticadas por aqueles que habitavam a parte de cima do globo terrestre. O velho truque da supremacia, o bem e o bom, disputando com o mal e o mau. O Lobo Mau e os Três porquinhos.

Nos filmes de guerra o vencedor sempre é o americano. Modelos foram criados a partir de filmes: a mulher dona de casa no período pós-guerra; o Papai que sabia tudo; viagens ao céu e ao infinito; viagens no tempo e no espaço; viagens ao fundo do mar; invasões de extraterrestres e outros. Um mundo de aventuras e de desejos; de informação e de conhecimento.

Guerra, sombra e água fresca. Para os amigos tudo, e para os inimigos a lei. O homem civilizado sobre o homem incivilizado. O aculturado sobre o sem cultura. O animal racional sobre o animal irracional. A luta do Controle sobre a Kaos, o Agente 86 e a Agente 99, controlados e obedecendo o Chef, the Boss.

A longo da formação histórica do Brasil, diversos fatos aconteceram para determinar uma estratégia de dominação. Submissão e domínio, pelo chicote, pela economia, e pela ciência. A começar pela subestimação dos povos, provocando uma diferença de status, e a capacidade no contexto social. Índios e negros foram inferiorizados perante a corte, e diante da ciência. Escravizados fortaleciam o capitalismo, mão de obra para novas mercadorias.

O conceito de evolução de Darwin, definiu a evolução dos animais e dos homens. Com pirâmides desenhadas, os psicólogos, os sociólogos, e os economistas, dividiram os espaços sociais ocupados. Povos desenvolvidos, subdesenvolvidos, e em desenvolvimento. Classes A, B, e C, e classes na periferia. Também temos a notícia histórica que degredados, bandidos e outros fora da lei, os à margem da sociedade, foram enviados de Portugal para o Brasil, para ocupar as novas terras descobertas. O capitalismo implantado com o respaldo da ciência. Uma terra formada por povos e pessoas de baixas classes sociais e intelectuais. A mata tropical como uma ameaça, a ser desbravada, na busca de pedras preciosas, ouro e prata.

Um Novo Mundo diante de um Velho Mundo, a condição de respeito entre os mais jovens e os mais velhos. O hemisfério Norte acima do hemisfério Sul, a condição de superioridade, dando norteamento de ideias, conceitos e valores. Mapas com proporções e posições distorcidas. O descobrimento por descobridores. A colonização exercida por colonizadores. A conversão ao catolicismo como instrumento de dominadores sobre os pecadores. A escrita como domínio do discurso verbal, perpetuando falas e ideias, fortalecida pela imprensa de Gutemberg, após 1500. A pólvora como superioridade do arco e da flecha. Fotos e imagens em telas, como perpetuação de atos e momentos, à luz do artista.

Na história, o continente americano, batizado em nome de Américo Vespúcio, foi descoberto por marinheiros espanhóis e portugueses, embarcados em frotas, comandados por capitães, a autoridade máxima, dos navios e das missões, na terra e no mar. Cabral descobriu o Brasil, ou foi encontrado perdido, à deriva, pelos índios presentes e nativos. Como os índios não tinham um sistema de escrita, ficou valendo o dito e escrito, o que Pero Vaz de Caminha, escreveu, descreveu e criou, contou ou inventou, não há contra-argumento. Mas há indícios que outros povos desembarcaram antes de Cabral em outras praias. Prevaleceu os documentos emitidos por sua esquadra. Depois de descoberto, o Brasil tornou-se colônia de Portugal. Sofreu invasões de holandeses e franceses. A presença maciça da Europa, uma europeização da Terra Brasilis. O refúgio da Família Real.

O Brasil sempre inferiorizado, precisou da chegada de imigrantes para criar uma agricultura, mesmo que de subsistência. A chegada de imigrantes também tinha o objetivo de criar um branqueamento da população, depois da abolição. O Brasil foi incentivado a produzir alimentos para o mundo, como uma grande criação de futuro e desenvolvimento. Viveu e vive da missão dada e interiorizada, o arquétipo: de que aqui tudo que se planta dá; “Brasil o celeiro do mundo”; “Trampolim da Vitória”. Na bandeira brasileira há apenas uma estrela acima da linha do Equador. Segundo consta seria a estrela que representa o estado do Pará, mas pode ser a Estrela do Norte, símbolo de orientação marítima no hemisfério Norte.

O Brasil precisou que outros explorassem e transformassem os recursos minerais. Precisou de quem criasse uma tecnologia. Precisou de CT&I: Ciência, tecnologia e inovação, informação; precisa de gestão e de qualidade. Criam-se problemas para vender soluções. Agora chega a reinvenção do turismo. O mesmo turismo, que outros povos já fizeram em outras épocas. Chegar, desembarcar e desfrutar. Mas agora é necessário se qualificar para bem receber, e uns trocados ganhar.

Hoje o pais vive dependente de multinacionais ligadas ao segmento de farmacologia. Multinacionais que produzem fertilizantes e sementes, complementadas pelas maquinas e implementos agrícolas. Maquinas agrícolas conectadas com satélites controlando seus movimentos, suas paralizações, suas semeaduras e suas colheitas. O mercado internacional já tem conhecimento de produções, safras e estoques, meteorologia e climatologia, podendo influenciar preços e cotações nos mercados de mercadorias, e mercados futuros. Bolsas de valores e bolsas de alimentos e mantimentos internacionais. Controlam a meteorologia, e tentam opinar na geografia e na geologia.

Após a Primeira Guerra, o país serviu de pista de pouso para os franceses que criaram a primeira linha aérea postal, passando pela África e atravessando o Atlântico com escala em Natal/RN. Foram até Montevideo, e cruzaram os Andes para chegar no Chile. E novamente a Europa, primeiro chegam na África, para depois desembarcar no Brasil. Europeus primeiro passam pela África para depois correr o mundo. Natal como ponto de apoio e reabastecimento para outras jornadas. Enquanto não existia o canal do Panamá, Natal/RN foi ponto de apoio para navios, que atracavam em busca de água, e talvez alguns mantimentos, para depois contornar o continente. Acredita-se hoje que aviões possam pousar em Natal, para abastecer, com a redução no preço do QAV.

A Europa sempre precisou do Brasil e da África, como ponto de apoio e exploração de recursos minerais e vegetais, inclusive mão de obra. A partir da África e do Brasil, os franceses dão a volta ao mundo. Alguns franceses passaram pela África. Pierre Bourdieu (sociologia), e Pierre Latecoere (correio postal), são exemplos (Dois Pierres - 2ПRs), que deram a volta no mundo. Pierre Teilhard de Chardin, foi outro exemplo, na teologia, passou pelo Egito. Americanos e ingleses também criaram seus conceitos e preceitos, seus limites e suas conquistas, suas estratégias. Um de frente para o outro. Determinaram e criaram uma linha entre os dois países, de conhecimento e de força. Nylon (Ny + Lon. New York e London). Onde há uma grande frequência aérea e marítima.

Segundas novas avaliações de especialistas internacionais, é chegada a vez de os chineses dominarem o mundo: por conhecimento, por produção, por consumo, ou por população. Um dia descobriram a pólvora, o que facilitou novas ocupações e explorações. Já pescam e exportam o que pescam na costa do Brasil. Desejam uma estrada de ferro cortando a América do Sul, do Atlântico ao Pacifico.

Antes da Segunda Guerra aconteceu um encontro entre presidentes, dos EUA e do Brasil, realizado em Natal/RN, onde assinaram um acordo de cooperação entre Brasil e EUA. E Natal ganhou o título de Trampolim da Vitória. A vitória que o primeiro mundo queria sobre a Alemanha e seus aliados.

E agora o grande tema de discussão em Natal/RN é a ampliação do porto marítimo para facilitar ações de um HUB, em um aeroporto que não está totalmente pronto. O ministro do turismo chega com a ideia da salvação. Coincidentemente o ministro é potiguar, fala a língua dos nativos, conhece o terreno. O velho truque de cativar um filho da terra, para mostrar o caminho. Assim fizeram os europeus, cativaram os índios para mostrar os caminhos e as riquezas.

A ideia inovadora e mirabolante que o turismo é a taboa de salvação do pais. A oportunidade de tirar um povo da miséria, a miséria construída. Acabar com miséria produzida ao longo da história desde os idos de 1500, quando o Brasil estava perdido, sem conhecimento e sem religião. Perdido no meio de um oceano entre Portugal e as índias. Como não chegaram as índias, denominaram de índios os que aqui estavam em harmonia com a natureza. Desembarcaram e usaram velhos truques para enganar os nativos, com cacos de espelhos, e galinhas. Com suas vestes coloridas e pomposas, com pólvora e gestos.

O ministro do turismo traz ideias mirabolantes para resolver o problema de Natal, como investimento turístico desmatando e assoreando áreas que até o momento estão preservadas. O cartel politípico, aposta todas as fichas no turismo. Políticos internacionalizados, que participam de eventos voltados a disponibilização do Brasil aos que sempre inventaram e criaram ideias solucionadoras, depois de inventarem os problemas. As reuniões: XVII Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos – 2014 em Brasília/DF e XIX Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais – “Mudanças Globais e os Novos Rumos” – 2015 em Vitória/ES – O maior evento parlamentar da América Latina.

Como diria um detetive de uma série televisiva: o velho truque da dominação, e da criação de confusão para confundir ideias e pensamentos. Criar uma desestabilização, uma disputa para dividir forças e pensamentos; ideias e desenvolvimento. Uma disputa entre estados foi criada para sediar o HUB da LATAM. Um povo dividido tem uma menor força de pensamento e negociação. Fica atento aos seus problemas, e tenta driblar seus concorrentes, não enxerga tudo como um todo. O HUB como facilidade à LATAM, vendendo serviços a outras empresas aéreas, trocando taxas e serviços.

Minerais já foram explorados e retirados provocando desertificação e assoreamento; grãos são plantados provocando desmatamento. Grãos que alimentam animais produzidos para exportação. Quantidades de água enormes são agregadas às produções agrícolas e animais, sem fazer parte de uma composição final de preços. Satélites e pesquisadores a todo instante, a todo momento. Enxergam do alto o que não é possível enxergar no solo, ou no subsolo. O que se tem agora para explorar neste novo segmento?

Segundo o título de um livro (Primeiro como tragédia, depois como farsa), de Slavoj Zizek, filosofo e psicanalista marxista. As ideias e investimentos primeiro se apresentam como tragédia, depois de se apresentam como farsa. Estamos sempre ouvindo as tragédias por acontecer, e convocados a colaborar para não acontecer, ou pelo menos não antecipar seus acontecimentos. Mas depois entendemos que era uma farsa. Havia algo oculto que não foi declarado.

Com o aquecimento global foi declarado que era preciso reduzir as emissões de monóxido de carbono. E as indústrias automobilísticas nunca venderam tanto automóveis a partir deste momento. No trecho entre Natal/RN e Parnamirim/RN, na BR 101, há pátios repletos de automóveis novos e usados, esperando o momento de entrar em circulação. Ainda que não exista mais espaços nas ruas. Por diversas vezes a população foi motivada e convocada para economizar energia elétrica. Com a economia de energia, e com o baixo faturamento das empresas de energia elétrica, aumentou-se as tarifas.

No momento a população é convocada a economizar água. E o agronegócio é sempre incentivado. O Exército está fazendo o que as empreiteiras não fizeram na transposição do Rio São Francisco. Com a construção do canal, e pouco volume de água, vai ser necessário escolher o caminho das aguas. Não há tratamento de esgoto por onde o canal passar. Agua colhida, resulta em água usada. O que é ruim agora pode ficar pior depois.

Zizek utiliza-se constantemente das mensagens transmitidas pela indústria cultural e midiática (guias de Filosofia - Karl Marx. Ed. Escala). Descreve o mundo oco da sociedade pós-política, a degradação da realidade pela virtualização, o analógico pela digitabilidade, do espaço social e cultural, a criação de uma sociedade artificial (idem).

Os textos denominados com artigos científicos circulam em revistas científicas e especializadas, restritas a uma comunidade. Uma discriminação de formatação é determinada, critérios de digitação e formatação do texto como: tipo e tamanho de fonte, espaços entre linhas e parágrafos. Corpo do texto, com critérios normatizados e utilizados. Modelos e regras de textos, resumos e bibliografias. Tudo é criado para uma redução de autores e quantidade textos concorrentes. Reduz-se o número de autores e leitores, para que o conhecimento esteja restringido a um grupo selecionado. Um grupo seleto é convocado para fazer escolhas de textos que possam ser autorizados a participar de um grupo restrito.

A COPA e o PAC prometeram fazer tudo, e deixaram tudo por terminar. Prometeram acessibilidades e facilidades. Agora criam novas expectativas, criam uma disputa entre quem não tem muito o que oferecer. Criaram um BUG interno, uma disputa entre tres estados para sediar um HUG da TAM ou da LATAM umsa mistura economica e logistica de Lan Chile e TAM.  Uma antiga estrategia de dividir, para desestabilizar, não enxergar. Cortinas de fumaça são lançadas, diante os problemas. O velho truque de prometer e classificar como: índio, não civilisado, dependente, como incompetente, em desenvolvimento e subdesenvolvido. O velho truque  continua.

 Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 22 de junho de 2015

 Roberto Cardoso (Maracajá)
ü  IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
ü  INRGN – Instituto Norte-rio-grandense de Genealogia    
ü  PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática – 2013.
ü  PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática – 2014.
ü  Escritor; Ensaísta; Articulista
ü  Jornalista Científico (FAPERN-UFRN-CNPq).
ü  Desenvolvedor de Komunikologia.

 

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