domingo, 8 de novembro de 2015

Festa na FLINstones (Parte 1)


Festa na FLINstones

 (Parte 1)

 PDF 520


Era uma sexta-feira, na semana do dia de finados, semana de lembrar de coisas passadas. E pessoas e ideias; e comportamentos mortos, foram lembrados.  A começar pela manhã, tal como uma aula inaugural, uma explanação e uma exposição verbal, visual e oral, histórica e cultural. O comportamento social do ser humano ao longo da história, desde os tempos do pós-guerra, com os restos de soldados ainda vivos, espalhados pelas ruas e cidades da Europa, depois da Primeira Grande Guerra. Um breve relato com oradora oficial, na Oficina e apresentação de cordel da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Perguntas mais esclarecedoras foram feitas à parte.

E a sexta-feira, também era dia de Festa na FLINstones, coisas que aconteceriam mais tarde, à tarde e no final da tarde. Nunca é tarde para ver e observar, tentar corrigir e aprender.

Muitos soldados entregaram suas vidas à suas mães, suas pátrias e nações. E voltaram da guerra amputados e mutilados. Foram amputados seus membros, por petardos e por uma medicina que não tinha argumentos e instrumentos, não tinha outra opção naquele momento, como recuperar ou preservar braços e pernas estilhaçados. Com anestesias, conhaques, whisky e morfinas, partes humanas foram amputadas, não existiam outras alternativas medicamentosas e alternativas tecnológicas. E a medicina usou como solução, uma intervenção cirúrgica de amputação, antes de maiores complicações ao corpo que sobrara. Este era o conhecimento da época.

Ainda hoje tem sido uma solução, o ato de amputar, trocado por extirpar. A amputação de um câncer, evitando sua proliferação. A retirada de células, tecidos, partes e órgãos atingidos. Com acompanhamentos e convalescências radioterápicas e quimioterápicas. Por muito tempo os dentistas que ainda não eram odontólogos oriundos de universidades, arrancaram os dentes de pacientes, por ainda não conhecerem tratamento de profilaxias e terapias, oral e dental. As estratégias de desfazer-se e eliminar, o que supostamente não tem uma solução. E sua conservação julga-se ser prejudicial. Separar do corpo, extirpar e subtrair. Isolar e não permitir contaminações. Visões e interpretações de miasmas. Separar o joio do trigo. A visão de que uma fruta podre, pode contaminar o resto da caixa. Visões sociológicas e comportamentais, sobre um corpo anatômico e fisiológico.

E soldados amputados voltaram da guerra totalmente desamparados, sem casas e sem membros que os amparassem diante das ruas e das esquinas. Improvisaram bengalas e muletas, sentaram em escadas e escadarias. Fizeram suas casas em ruas e calçadas tentando angariar a comoção alheia, na tentativa de conquistar alguns tostões para prolongar sua existência. Conquistaram a denominação de aleijados, diante da sociedade, que vivia a sua volta, com membros preservados. Eram os excluídos de uma sociedade, os extirpados. Uma sociedade que não tinha soluções para os seus problemas. Faltavam o conhecimento e a aproximação, dos problemas e dos ditos problemáticos.

E a sociedade evoluiu suas visões e suas missões diante daqueles excluídos. Precisou evoluir para receber novos excluídos. A sociedade também age como a medicina, amputando seres da sociedade, enquanto não tem uma ideia, ou uma função para acolhe-los, no denominado sistema produtivo, produzido pelo capitalismo. A industrialização com maquinas e ferramentas forneceria nos produtos e novos excluídos, vítimas de acidentes de trabalho. Vítimas de novas guerras; vítimas do automobilismo. Vítimas por acometimentos de nascença. A preservação da espécie como instinto, oposto ao canibalismo social.

O termo usado para aqueles seres humanos exilados da sociedade foi cada vez mais, se modificando e evoluindo, até chegar uma denominação, de portadores de necessidades especiais. Entendia-se que tinham uma necessidade diferenciada dos demais. E a palavra ‘portar’ ficou como uma cruz para carregar, portar e carregar consigo uma necessidade, uma fragilidade, ocultando uma deficiência, na comparação com o ser humano considerado normal. Mas neste momento a sociedade já admitia escuta-lo. Ouvir suas dificuldades e suas necessidades, a partir do olhar do excluído.

O eterno ato de dominar e excluir, segue em vários parâmetros e várias instâncias. Por um longo tempo, os boletins escolares tinham notas classificadas por letras, A, B, C e D. E os últimos da turma eram carimbados pela letra D, de deficiente, até que mudaram os termos, para outras palavras com letras abreviadas: ‘E’ de Excelente, ‘MB’ de Muito Bom, B de Bom. Os primeiros e os medianos na sala, sob o ponto de vista do professor. Os últimos eram classificados com a letra ‘I’ de insuficiente. Alunos são, ou já foram classificados de zero a cem e de zero a dez. Depois podem ser classificados de graduados e pós-graduados, a segregação institucional do conhecimento.

Uma diversidade de estereótipos, e estes são criados, inventados e encontrados, em vários seguimentos da sociedade. Desde a vida cromossômica, a disputa em ser o primeiro, e os outros descartados.

E os conceitos vão mudando, até que chegue um dia, quando cada um terá o livre arbítrio de fazer suas próprias escolhas. E construir o seu próprio e conhecimento, e não decorar os conhecimentos de outros. Há um novo compromisso social, por CARDOSO, R. em Novo Papel da Comunicação (Informática em Revista | Pag 24 | Edição 104 | novembro de 2015 | Natal/RN | https://issuu.com/facarn/docs/info-edicao104-novembro2015?e=0).

Texto disponível em:


 

 

Em 8/11/15

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN

 

por
Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq
 
Plataforma Lattes
Produção Cultural
 
Maracajá

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Cascudeando por ai ..


Cascudeando por ai ..

 PDF 518
 
Na onda de uma Natal Literária, na onda do Natal em Natal, ressurgem ideias e pensamentos. Natal a terra dos acontecimentos, e Natal do renascimento. Natal que renasce a cada dia, e a cada momento. Um nascimento em cada ocupação: por fortes, canhões e artilharia. E por simples ocupação: por um argumento de posição e geografia. Uma história de caserna e de campanha. Estratégias internacionais e intercontinentais, com argumento de benefícios nacionais. Um renascimento por presenças e ausências, ocupações e desocupações. Um olhar sobre a cidade tal como fez Cascudo. Com um resumo e uma análise em Cascudeando por ai... Uma visão do Homo natalensis.

Um olhar sobre a Ribeira, onde hoje ainda, os ônibus urbanos fazem a volta. Em um linguajar local, um linguajar das ruas, dir-se-ia que os transportes rebolam ali. Ali chegam e voltam aos seus destinos, que já foram origens, com seus embarques e desembarque ao longo de um percurso. E até um dia, ali era feita a volta do bonde, o rebolar do bonde, depois de um subir e descer ladeiras, com chapéus de passageiros, soprados pelos ventos. O contraste da Cidade Alta e a cidade baixa. As disputas de Xarias e Canguleiros. O lugar da volta daqueles que chegavam e partiam, por caminhos ferroviários e rodoviários, e alguns aquaviários, marítimos ou fluviais. Ribeira onde o mundo de Natal faz a volta. A volta dada por cima, e para cima. Uma volta e um arribar. A Ribeira ao alcance de Cascudo, de Augusto Severo, e de Alberto Maranhão. Uma trilogia em Natal, enraizada na Ribeira. A presença da feira literária, com personagens a sua volta. É preciso rebolar na pista.

Natal/RN, terra e cidade de Luís da Câmara Cascudo. Cascudo, Cascudinho e Luís de Natal, alguns nomes que era conhecido. Um homem, um cidadão, um pesquisador, um escritor, um personagem de sua própria literatura, em seus livros escreveu a sua história, radicado e enraizado em sua cidade. Não arredou o pé daqui ou de lá (referenciais de quem lê ou quem escreve, de quem está aqui ou acolá). A cidade onde existe um poeta em cada rua, e em cada esquina um jornal, assim Natal foi citada e reconhecida um dia. A cidade que era a tal. E na tal cidade, nomes são permanentemente relembrados.

E vez por outra o nome de Cascudo é citado. Segundo Carlos Eduardo, prefeito de Natal, em entrevista ao vivo na TV (Bom Dia RN, 05/11/15), Cascudo denominava Natal, a cidade Noiva do Sol, embora naquele momento (07:00 LT), houvesse uma chuva breve e passageira, com pingos de chuvas denunciados ao vivo em sua camisa, tradicionalmente azul, como um dia claro pelo Sol, sem nuvens encobrindo o céu matinal. Aqui uma nova modalidade de informação, conhecimento e pesquisa, uma informação que chega no momento, e ao vivo. A informação sempre chegou, e o diferencial é que agora pode ser incluída no momento de uma escrita. A coincidência do momento, da informação e da escrita. A era da Informação. Uma triangulação, entre Câmara Cascudo, Aluísio Alves e Carlos Eduardo.

E inúmeras casas remetem uma memória ao seu nome, o nome de Cascudo: ANL – Academia Norte-rio-grandense de Letras; IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; Instituto Ludovicus e Memorial de Câmara Cascudo; e um tanto de ruas espalhadas pela cidade. E uma das casas de Cascudo (ANL), acaba de criar um prêmio, dando referência a outro filho da terra, lembrado e reconhecido em cidades da Grande Natal, inclusive na capital federal. O prêmio jornalista AA, com pesquisa e inovação, descobriremos uma nova triangulação.

Mas o momento agora é literário, com invasões de livros, com autores e editores de outras armas e praças. Um marco para uma nova ocupação e um novo renascimento: depois da feira de novembro, e depois do Natal de dezembro. Em janeiro, uma nova Natal.

 

Em 5/11/15

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN

 
Texto publicado no Substantivo Plural: Cascudeando por ai...


Texto anterior: Cascudeando


Texto publicado na Revista Kukukaya

Ano II | Nº 15 | setembro/outubro 2015 | pagina 48


Texto relacionado: Homo natalensis.


 

 

Em 5/11/15

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN