Festa
na FLINstones
Era uma sexta-feira, na semana do dia de finados, semana de lembrar de coisas passadas. E pessoas e ideias; e comportamentos mortos, foram lembrados. A começar pela manhã, tal como uma aula inaugural, uma explanação e uma exposição verbal, visual e oral, histórica e cultural. O comportamento social do ser humano ao longo da história, desde os tempos do pós-guerra, com os restos de soldados ainda vivos, espalhados pelas ruas e cidades da Europa, depois da Primeira Grande Guerra. Um breve relato com oradora oficial, na Oficina e apresentação de cordel da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Perguntas mais esclarecedoras foram feitas à parte.
E a sexta-feira, também era
dia de Festa na FLINstones, coisas que aconteceriam mais tarde, à tarde e no
final da tarde. Nunca é tarde para ver e observar, tentar corrigir e aprender.
Muitos soldados entregaram
suas vidas à suas mães, suas pátrias e nações. E voltaram da guerra amputados e
mutilados. Foram amputados seus membros, por petardos e por uma medicina que
não tinha argumentos e instrumentos, não tinha outra opção naquele momento, como
recuperar ou preservar braços e pernas estilhaçados. Com anestesias, conhaques,
whisky e morfinas, partes humanas foram amputadas, não existiam outras
alternativas medicamentosas e alternativas tecnológicas. E a medicina usou como
solução, uma intervenção cirúrgica de amputação, antes de maiores complicações
ao corpo que sobrara. Este era o conhecimento da época.
Ainda hoje tem sido uma
solução, o ato de amputar, trocado por extirpar. A amputação de um câncer,
evitando sua proliferação. A retirada de células, tecidos, partes e órgãos atingidos.
Com acompanhamentos e convalescências radioterápicas e quimioterápicas. Por
muito tempo os dentistas que ainda não eram odontólogos oriundos de
universidades, arrancaram os dentes de pacientes, por ainda não conhecerem
tratamento de profilaxias e terapias, oral e dental. As estratégias de
desfazer-se e eliminar, o que supostamente não tem uma solução. E sua
conservação julga-se ser prejudicial. Separar do corpo, extirpar e subtrair.
Isolar e não permitir contaminações. Visões e interpretações de miasmas. Separar
o joio do trigo. A visão de que uma fruta podre, pode contaminar o resto da
caixa. Visões sociológicas e comportamentais, sobre um corpo anatômico e fisiológico.
E soldados amputados voltaram
da guerra totalmente desamparados, sem casas e sem membros que os amparassem
diante das ruas e das esquinas. Improvisaram bengalas e muletas, sentaram em
escadas e escadarias. Fizeram suas casas em ruas e calçadas tentando angariar a
comoção alheia, na tentativa de conquistar alguns tostões para prolongar sua
existência. Conquistaram a denominação de aleijados, diante da sociedade, que
vivia a sua volta, com membros preservados. Eram os excluídos de uma sociedade,
os extirpados. Uma sociedade que não tinha soluções para os seus problemas.
Faltavam o conhecimento e a aproximação, dos problemas e dos ditos problemáticos.
E a sociedade evoluiu suas
visões e suas missões diante daqueles excluídos. Precisou evoluir para receber
novos excluídos. A sociedade também age como a medicina, amputando seres da
sociedade, enquanto não tem uma ideia, ou uma função para acolhe-los, no denominado
sistema produtivo, produzido pelo capitalismo. A industrialização com maquinas e
ferramentas forneceria nos produtos e novos excluídos, vítimas de acidentes de
trabalho. Vítimas de novas guerras; vítimas do automobilismo. Vítimas por
acometimentos de nascença. A preservação da espécie como instinto, oposto ao
canibalismo social.
O termo usado para aqueles
seres humanos exilados da sociedade foi cada vez mais, se modificando e
evoluindo, até chegar uma denominação, de portadores de necessidades especiais.
Entendia-se que tinham uma necessidade diferenciada dos demais. E a palavra ‘portar’
ficou como uma cruz para carregar, portar e carregar consigo uma necessidade,
uma fragilidade, ocultando uma deficiência, na comparação com o ser humano
considerado normal. Mas neste momento a sociedade já admitia escuta-lo. Ouvir
suas dificuldades e suas necessidades, a partir do olhar do excluído.
O eterno ato de dominar e
excluir, segue em vários parâmetros e várias instâncias. Por um longo tempo, os
boletins escolares tinham notas classificadas por letras, A, B, C e D. E os
últimos da turma eram carimbados pela letra D, de deficiente, até que mudaram
os termos, para outras palavras com letras abreviadas: ‘E’ de Excelente, ‘MB’ de
Muito Bom, B de Bom. Os primeiros e
os medianos na sala, sob o ponto de vista do professor. Os últimos eram
classificados com a letra ‘I’ de
insuficiente. Alunos são, ou já foram classificados de zero a cem e de zero a
dez. Depois podem ser classificados de graduados e pós-graduados, a segregação
institucional do conhecimento.
Uma diversidade de
estereótipos, e estes são criados, inventados e encontrados, em vários
seguimentos da sociedade. Desde a vida cromossômica, a disputa em ser o
primeiro, e os outros descartados.
E os conceitos vão mudando,
até que chegue um dia, quando cada um terá o livre arbítrio de fazer suas
próprias escolhas. E construir o seu próprio e conhecimento, e não decorar os conhecimentos
de outros. Há um novo compromisso social, por CARDOSO, R. em Novo Papel da
Comunicação (Informática em Revista | Pag 24 | Edição 104 | novembro de 2015 |
Natal/RN | https://issuu.com/facarn/docs/info-edicao104-novembro2015?e=0).
Texto
disponível em:
Em 8/11/15
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN
por
Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq
Plataforma
Lattes
Produção
Cultural
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